Hoje, a visão de
necessidades especiais engloba um conjunto de aspectos que ultrapassam em
muito o antigo conceito de deficiente. Essa mudança da deficiência para a
necessidade especial, leva consigo a concepção da variabilidade humana e
forja importantes deslocamentos. Do caráter permanente para transitório, da
visão de adaptar a pessoa deficiente para viver na sociedade para a
inclusão, por meio da adaptação da sociedade, pela superação das barreiras
que impõe desvantagens na efetiva participação de sujeitos com necessidades
especiais nos diferentes contextos socioculturais.
O respeito e a
valorização da diversidade humana efetiva-se por meio do deslocamento do
verbo integrar, a simples união de diferentes grupos, sem um projeto que
institua um nova percepção para a diferença, para o verbo incluir, um
movimento que efetiva-se por meio de políticas públicas que projetam e
constroem a ação para o pertencer. Para que a integração se configure em uma
prática de inclusão, é preciso que bases teóricas de respeito à
heterogeneidade, é necessário que suportes técnico-metodológicos para a
mediação com a diferença sejam discutidos e apropriados pela sociedade em
sua totalidade e, em especial, por educadores e gestores de sistemas
escolares contemporâneos.
Embora, nos últimos
anos, o crescimento na área na inclusão sociodigital e escolar sejam
inegáveis, ainda vivencia-se uma realidade brasileira desfavorável para
sujeitos com necessidades especiais, fato comprovado
pela grande maioria dos sujeitos colocados na exterioridade de processos
educativos na rede escolar, por fragilidade na área sensorial ou cognitiva.
Soma-se a esse fato, a dura realidade das condições de trabalho docente e a
frágil formação dos professores, aspectos que têm impulsionado posições
reducionistas centradas nas limitações e nas dificuldades do sistema de
ensino regular em atender a diferença e a deficiência. Frente a isso, uma
mudança valorativa e atitudinal por parte de órgãos governamentais,
educadores, pesquisadores, e agentes sociais, levaram a conquista de um
espaço para a construção de respostas ao desafio de garantir o direito de
todas as crianças com necessidades especiais a inclusão no ensino regular.
É reconhecido que o
processo de inclusão provoca mudanças na perspectiva sócio-educacional, não
somente para sujeitos com necessidades educativas especiais mas,
também, para todos os participantes do contexto sócio-educativo ao propiciar
a participação da diversidade humana no tempo e no espaço do sistema escolar
regular. A educação inclusiva traz benefícios para a sociedade e para todos
os envolvidos no processo educativo - pais, alunos, professores -, pois,
propicia a criação de uma sala de aula e de uma escola na qual indivíduos
aprendem a respeitar, a compreender e a admirar as qualidades de todas as
pessoas, independentes de suas diferenças físicas e cognitivas, aspectos que
possibilitam que a sociedade com justiça e equidade social se efetive.
O
Brasil vem desenvolvendo um processo de inclusão desde 1992, quando uma nova
política de fortalecimento da Educação Especial foi estabelecida por meio da
recriação da Secretaria de Educação Especial (SEESP), na estrutura do MEC
(Ministério da Educação) - Lei 8.490/92. A garantia da educabilidade para
todos passou a exigir dos professores do ensino regular conhecimentos
específicos sobre os alunos com necessidades educacionais especiais, não
mais sob a luz do seu possível déficit, mas, fundamentalmente, na
valorização de suas potencialidades e possibilidades. Por meio das Políticas
Públicas em apoio à Educação Inclusiva e dos projetos de Formação Continuada
de Professores, o MEC assumiu como premissa a indissociabilidade da
teoria-prática e a concepção de um processo educativo que necessita ser
transformado e reinventado.
Das
inúmeras possibilidades de recursos e de formas de apoio que se apresentam
no cenário educativo contemporâneo, as tecnologias digitais têm revelado, em
âmbito nacional e internacional, o grande potencial do campo de saber da
Informática na Educação Especial na concretização de planos de ação para o
Atendimento Educacional Especializado – AEE. Entrelaçando tecnologias
digitais de informação e comunicação com um qualificado plano de atendimento
especializado, um ajuste às especificidades e à variedade de histórias de
vida de sujeitos em processo educativo tem sido desencadeado, permitindo que
heterogeneidade e a diferença seja lida com vantagem e não como prejuízo.
O saber e a
materialidade das tecnologias digitais de informação e comunicação têm
possibilitado a construção de interfaces para promover e impulsionar o
desenvolvimento sociocognitivo desses sujeitos. No entanto, recursos
computacionais, por si só, não desempenham as funções esperadas se não forem
mediadas por professores capacitados.
Fonte: http://teleduc.proinesp.ufrgs.br/cursos/aplic/index.php?cod_curso=358
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